A Bienal de São Paulo, uma iniciativa do empresário Francisco Matarazzo Sobrinho, é um dos marcos do fim do “isolacionismo cultural” brasileiro. Sua primeira edição foi realizada pelo Museu de Arte Moderna (MAM-SP) em um pavilhão provisório localizado na Esplanada do Trianon, na região da avenida Paulista. Recebeu 1854 obras de 729 artistas, entre elas a Unidade tripartida (1948-49) do suíço Max Bill, uma das premiadas do evento e que abriu as portas para o concretismo na arte brasileira. A exposição, que destinou Salas Especiais aos dois principais representantes brasileiros do modernismo, Cândido Portinari e Di Cavalcanti, trouxe as obras do espanhol Pablo Picasso e do belga René Magritte pela primeira vez ao Brasil. Na edição, o Aparelho Cinecromático de Abraham Palatnik foi recusado por não se encaixar nas categorias previstas. Posteriormente, a obra seria aceita e receberia uma menção especial do júri internacional. Danilo Di Prete recebeu o prêmio de Pintura.
"O homem que pôs de pé a Bienal merece o vivo aplauso e o respeito de todos nós. Repito agora o que lhe afirmei pessoalmente na hora da inauguração: a Bienal é obra de doidos. Doidos especialíssimos que precisam ser seguidos e imitados, Ciccillo Matarazzo e seus colaboradores diretos restituem-nos a confiança na capacidade de realização dos brasileiros. Para quem conhece um pouco este país, tendo em vista o atraso da nossa cultura, as dificuldades e complicações de toda ordem, inclusive as derivadas da situação internacional, é positivamente uma loucura, um prodígio organizar em poucos meses um conjunto cultural desta importância e envergadura – conto de fadas transposto para a realidade palpável e concreta, à avenida Paulista n. 1540". – “Perspectivas de uma exposição”, de Murilo Mendes, publicado no Diário Carioca em 11 nov. 1951.
Leia o texto na íntegra no catálogo da exposição 30 × Bienal – Transformações na arte brasileira da 1ª à 30ª edição.
1ª Bienal de São Paulo (1951)