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O seminário pretende analisar ideias e práticas de mediação por meio do diálogo entre as tradições brasileira e russa nos campos da teoria crítica, psicologia e pedagogia radical. Conceito contestado e elástico, a “mediação” tem sido usada para evocar um corpo (social) pensante. Nesse sentido, a mediação, os objetos que medeiam, são considerados centrais para atividades fundamentais, incorporadas – sentir, fazer, aprender, saber, comunicar. Tanto em termos da experiência individual quanto da coletiva, ela se refere à associação de diferenças ou opostos, e é politicamente carregada em relação às tecnologias do poder e às visões da utopia. Organizado pelo artista Emanuel Almborg e pelo curador Lars Bang Larsen, o programa inclui a exibição de filmes e palestras, com a participação de Søren Andreasen, Maria Chehonadskih, Rodrigo Nunes, Sidsel Meineche Hansen e Luiza Proença.
Inscrição via formulário
Evento conduzido em Inglês e Português (tradução simultânea para o Português)
Programação
14h | Boas-vindas e apresentação
14h15 | Emanuel Almborg: exibição de Говорящие руки [Mãos falantes] (2016)
Um filme sobre o surgimento da consciência humana, o filósofo Evald Ilyenkov e experimentos pedagógicos em educação de surdo-mudos na escola Zagorsk nos anos 1960, na União Soviética. Baseado em filmagens em 16mm do arquivo da escola recuperadas por Almborg – o autor e a data exata dessas filmagens são desconhecidos. A única informação encontrada no filme era o título; Mãos falantes.
15h15 | Maria Chehonadskih: Mediando a vida pobre: individuação comunista no marxismo soviético e além
Uma fala sobre as teorias do psicólogo soviético Lev Vygotsky sobre “mediação”, “atividade” e as relações sujeito-objeto, desenvolvidas nos anos 1930. Vygotsky, segundo Chehonadskih, supera as concepções simplificadas do social e do coletivo, e delineia uma teoria política da comunização como “forma adequada” de individuação. Ao fazê-lo, a palestrante coloca o psicólogo em contato com a filosofia de Gilbert Simondon, Etienne Balibar e Paolo Virno.
15h45 | Perguntas e respostas
16h | Intervalo
16h15 | Søren Andreasen e Lars Bang Larsen: Traduzindo Utopias, Mediando o Impraticável
Os escritos de Charles Fourier sobre o socialismo libidinal eram uma crítica aberta à realidade europeia pós-revolucionária e pós-iluminista do início do século 19. Talvez mais do que tudo, seus textos demonstram a força de uma imaginação radical para resistir ao senso comum e ao consenso. A apresentação partirá de uma crítica à mediação entendida como uma abstração econômica para discutir os problemas levantados pelo romancista Italo Calvino ao traduzir e tentar compreender Fourier.
17h | Rodrigo Nunes: Tensão e Telos: Repensando Processos em Pedagogia e Política
Os anos recentes tem aparentemente exacerbado uma tendência intelectual para olhar noções de finalidade e mediação em política como infectadas pela problemática filosófica e associações políticas. Isso pode resultar em uma tentativa de prevenir o problema de Telos e como alcançá-lo por conceber de um ato político que é autônomo, um fim por si só. Essa apresentação começa por apontar o que aquele movimento supõe em termos de temporalidade e o que os custos teóricos e práticos envolvem. Isso se junta ao trabalho de Gilbert Simondon, Deleuze e Guattari e pedagogia radical brasileira para argumentar por uma compreensão de Telos que o torna compatível com uma ideia de processo mais substancial.
17h40 | Sidsel Meineche Hansen: PHARMACOPORNOGRAPHER. Projeções e fala.
Esta apresentação abordará o avatar feminino “EVA v3.0”, um produto em 3D usado em jogos de computador e em entretenimentos virtuais adultos. O avatar EVA v3.0 é protagonista de uma obra em vídeo recente de Hansen e objeto de sua pesquisa sobre sexo pós-humano, questionando a mediação do avatar no trabalho sexual incorpóreo.
18h30 | Discussão aberta com todos os participantes, perguntas e respostas
Sobre os participantes
Emanuel Almborg é artista e doutorando no Instituto Real de Arte. Seu trabalho envolve pesquisa e frequentemente abrange filmes, fotografias e publicações. Vive em Estocolmo, Suécia.
Maria Chehonadskih é escritora, filósofa e doutoranda na Kingston University, CRMEP. Trabalha com o problema das epistemologias soviéticas, abordando filosofia, marxismo e arte dos anos 1920. Vive e trabalha entre Londres, Reino Unido, e Moscou, Rússia.
Sidsel Meineche Hansen é artista dinamarquesa. Sua prática centra-se em pesquisas e se manifesta em exposições, seminários interdisciplinares e publicações. Ela é professora associada da Academia de Arte Funen na Dinamarca. Vive em Londres, Reino Unido.
Søren Andreasen é artista. Trabalha com instalações, artes gráficas e publicações, e outros modos de combinar imagens abstratas e textos sobre arte, sua política e suas relações com situações sociais cotidianas. Vive e trabalha em Copenhague, Dinamarca.
Rodrigo Nunes é filósofo, escritor, ativista e tradutor. Trabalha na Pontifícia Universidade Católica do do Rio de Janeiro.
Luiza Proença é curadora de mediação e programas públicos do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP). Vive em São Paulo.
Lars Bang Larsen é um historiador da arte, autor e curador. É um dos cocuradores de INCERTEZA VIVA, a 32ª Bienal de São Paulo. Vivem Copenhague, Dinamarca.