Dimensão, 2016
Na trajetória de Antonio Malta Campos, iniciada em meados dos anos 1980, observa-se uma pesquisa plástica contínua em torno do desenho e da pintura, valendo-se de um amplo repertório visual que se estende desde os paradigmas artísticos modernistas até as linguagens da cultura de massa. Tanto em seus dípticos de grande dimensão, quanto no conjunto de pequenos exercícios gráficos – denominados “misturinhas” – ficam evidentes o apuro técnico do artista e sua insurgência contra o conforto visual das precisões geométricas e das distinções entre o abstrato e o figurativo. Para a 32a Bienal, Malta apresenta dois conjuntos de pinturas, um criado entre 2015 e 2016 e outro, da série Misturinhas, feito entre 2000 e 2016. No primeiro conjunto, o artista, com assistência de Antonia Baudouin, faz colidir a tradição harmônica do formalismo pictórico com uma ironia gráfica, criando anamorfismos, contrastes cromáticos e alterações de escala. As Misturinhas, por sua vez, são centrais em sua pesquisa. Nelas, cores opostas em guache e lápis de cor; traços desinibidos do desenho com lápis, caneta ou tinta nanquim; recortes de impressos e adesivos são usados para a feitura dessas pequenas composições resistentes à classificação.