Ágora: OcaTaperaTerreiro, 2016
Marcada pela esfera ritualística, a criação de Bené Fonteles abarca instalações, esculturas e manifestos em profundo diálogo com questões ambientais, saberes populares e o desejo de fundir o “ser brasileiro” e o “ser universal”. Desde a década de 1970, Fonteles empreende projetos transdisciplinares que extrapolam as fronteiras da arte, autodenominando-se “artivista”. Ágora: OcaTaperaTerreiro (2016) reúne traços importantes de sua trajetória, como o sincretismo simbólico e a cocriação. Dentro do Pavilhão da Bienal, Fonteles propõe uma construção de teto de palha e paredes de taipa, materiais usados em habitações indígenas e caboclas. O título carrega o desejo de interligar vários tempos e conhecimentos, tendo o terreiro como referência a um espaço de celebrações e oferendas. A instalação abriga composições em que são usados materiais orgânicos, resquícios trazidos pelo mar, artefatos tradicionais e objetos coletados por Fonteles durante suas jornadas a diferentes regiões do país. Texturas, sons e cheiros compõem o ambiente, que abriga, em uma programação contínua, trocas entre o artista, músicos, xamãs, educadores e o público. O lugar e as práticas ali desenvolvidas são um convite para que todos atuem na transmutação da realidade e no reencantamento do mundo.