Vista de obra de Erika Verzutti na 32ª Bienal de São Paulo, 2016
Em suas esculturas, desenhos, fotografias, pinturas e instalações, Erika Verzutti oferece ao espectador um mundo que parece suspenso entre a fantasia e a realidade, a abstração e a figuração, o céu e a terra, construindo uma espécie de inventário arqueocosmológico. A artista trabalha a partir de objetos reais, dos quais produz moldes e réplicas que ela modifica, recorta, pinta e justapõe. Materiais e ferramentas de construção, frutas e legumes tropicais são presença constante em suas colagens escultóricas, cujos títulos por vezes aludem a elementos tradicionais da história da arte ocidental e brasileira. Verzutti também explora outras possibilidades construtivas, com base na aglomeração de materiais como isopor, papel e fibra de vidro, para dar forma a esculturas e pinturas de tamanho monumental. Assim são os três painéis comissionados para a 32a Bienal: blocos flutuantes com um conjunto misterioso de inscrições e símbolos que, se por um lado, remetem a uma ideia de escrita primordial, sulcada nas pesadas paredes rochosas de uma caverna, por outro, nos lançam ao avesso dessa referência pré-histórica, como se representassem um céu noturno. Situadas entre pintura e escultura, essas obras dão nova escala a um conjunto de relevos outrora em bronze, agora moldados em papel machê.