Detalhe de Tears of Africa, 1987-1988
Nascida na vila de Marapyane, Mmakgabo Helen Sebidi aprendeu com a avó técnicas tradicionais de pintura em parede e cerâmica. Mudou-se para Joanesburgo adolescente e, entre as décadas de 1970 e 80, participou de cursos e ateliês em espaços que proporcionaram o contato com outros artistas e um ambiente politizado, o que impactaria a temática de seus trabalhos. Sebidi retrata experiências cotidianas e sabedorias ancestrais, assim como mostra o sofrimento infringido pelo contexto do apartheid, especialmente para mulheres negras. De seus professores e colegas artistas ela absorveu técnicas de colagem e elementos abstratos, gerando o emblemático díptico Tears of Africa [Lágrimas da África] (1987-1988), presente na 32a Bienal. A obra, produzida em carvão, tinta e colagem, trata de conflitos continentais assim como da aspereza das relações humanas no cotidiano da cidade grande e suas decepções, agravadas pela degradação das estruturas familiares e pelo regime de segregação que vigorou oficialmente na África do Sul de 1948 a 1994. Novas obras, criadas durante sua residência artística em Salvador, na Bahia, e presentes na exposição, geram uma conversa entre o Brasil e o continente em que Sebidi nasceu e ativam um diálogo entre os dois trabalhos.