Do pó ao pó, 2016
Desde a década de 1980, José Bento dedica-se a experimentações escultóricas com madeira em diversas escalas, além da produção de vídeos, instalações e fotografias. Recentemente tem atravessado a prática de ateliê com produções site-specific, como em Chão (2004/2016), trabalho que foi apresentado no Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte, em 2004, e que na 32a Bienal ocupa uma área de 627 m2 do Pavilhão da Bienal. A obra recobre com tacos de madeira e rampas uma porção que se estende de uma face a outra do prédio. O material, oriundo de reformas e de demolições, sobrepõe-se a camadas de molas em algumas regiões, alterando sua superfície e simulando uma experiência de instabilidade ao caminhar. Cria- se, assim, uma espécie de topografia camuflada que sugere a ambiguidade que há na paisagem. A obra inédita Do pó ao pó (2016), por sua vez, é composta de caixinhas de fósforos expostas sobre estruturas de bancas de camelô com pés retráteis. Os conjuntos são esculpidos em madeiras de biomas brasileiros, como braúna, cedro, pau-brasil, o que inclui cada palito de fósforo contido nas caixas. O título, ao evocar a presença do fogo, propõe refletir sobre a relação que há entre o tempo e a matéria que constitui inícios e fins.