Da série Dispositivo Doméstico, 2007-2012
A obra de Katia Sepúlveda enuncia-se desde a teoria decolonial, com viés transfeminista e de feminismos mestiços, isto é, que transcendem o sujeito político mulher e a teoria feminista branca, colocando em questão gênero, raça, classe e práticas subjetivas. A artista trabalha com vídeos, performances, colagens, desenhos, fotografias e esculturas. Na 32a Bienal, ela exibe dois projetos – Dispositivo doméstico (2007- 2012/2016) e Feminismo mapuche (2016). O primeiro trabalho tem três partes: uma série de colagens feitas de revistas "Playboy" publicadas de 1953 a 2000, o vídeo The Horizontal Man [O homem horizontal] (2016) e uma instalação. Se as colagens mostram como se constitui a linguagem visual do desejo, o vídeo e a instalação estendem essa crítica e evidenciam como essa revista, como dispositivo, contribuiu para a criação de um imaginário que permeia aparatos do corpo no que tange ao design, à tecnologia, aos aparelhos domésticos, à arquitetura. O trabalho Feminismo mapuche, por sua vez, é um evento, um diálogo ao vivo entre duas ativistas, Margarita Calfio, do povo chileno mapuche e María Celina Katukina, da comunidade yawanawás, do Acre. Tendo como ponto de partida o feminismo comunitário boliviano, Sepúlveda indaga se haveria também um feminismo mapuche, somando ao termo feminismo outras lutas, outros espaços de enunciação e outras cosmopolíticas.