Corazón del espantapájaros [Coração do espantalho], 2016
Ao prescindir de arquivos e documentos para a construção de sua obra, Naufus Ramírez-Figueroa procura confrontar narrativas históricas com sua memória ou testemunho, utilizando a gravura, o desenho, a instalação e a performance. Sua relação com o passado, principalmente da América Latina, se configura por meio de experiências vividas individual ou coletivamente, além de recorrentes referências aos mitos. Para a 32a Bienal, Ramírez-Figueroa retoma a peça Corazón del espantapájaros [Coração do espantalho] (2015-2016), escrita em 1962 pelo dramaturgo guatemalteco Hugo Carrillo. A partir de um novo roteiro – inspirado no texto original e produzido pelo escritor também guatemalteco Wingston González – e em parceria com artesãos e figurinistas, Ramírez-Figueroa criou máscaras, vestuários e adereços com base nos elementos originais da obra: uma oligarca, um ditador, um soldado, um cardeal e um espantalho. Ao longo da exposição, atores reencenam, com esses objetos, trechos da peça no pavilhão e no Parque Ibirapuera. Com o projeto, o artista retoma não apenas a memória sobre a censura na Guatemala, mas o conteúdo da peça, vital para a história do teatro e da resistência política de esquerda exercida pelos artistas de seu país.