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Em sua produção, Priscila Fernandes reflete sobre o impacto dos contextos industrial e pós-industrial na vida dos indivíduos e em sua percepção sensorial. Em vídeos, publicações, desenhos, pinturas, performances e instalações sonoras, ela aborda as disputas sociais que estão no centro de decisões estéticas de diferentes movimentos modernos. Na 32a Bienal, Fernandes apresenta três imagens fotográficas, um conjunto de mobiliário e um filme, que constituem a instalação GOZOLÂNDIA E OUTROS FUTUROS (2016). Realizadas por meio de um processo de técnica mista, as imagens são resultado da impressão de negativos expostos à luz, e nos quais a artista intervém por meio de pintura, perfurações e riscos. O mobiliário, um conjunto de cadeiras de praia, convida o público a um momento de pausa, embora de forma ambígua, pois, diante das obras, o visitante se encontra entre contemplação e análise, distração e atenção, descanso e trabalho. O filme, realizado inteiramente no Parque Ibirapuera, faz referência ao país da Cocanha, mito medieval sobre a existência de um lugar onde há comida abundante, clima ameno e onde o trabalho é desnecessário. A instalação articula relações entre a estética da abstração e a dicotomia trabalho/ócio, atualizando essa discussão para o contexto de hoje.