Vista da instalação de Sandra Kranich na 32ª Bienal de São Paulo, 2016
Interessada por geometrias complexas e suas transformações no tempo e no espaço, Sandra Kranich utiliza fogos de artifício em suas esculturas, quadros e instalações desde o final dos anos 1990. A pirotecnia é um espetáculo momentâneo e altamente sensorial que divide claramente nossa percepção em antes, durante e depois. São eventos que duram poucos minutos e ficam gravados na memória do espectador, mas que nas exposições geralmente permanecem visíveis apenas como rastros e resquícios. Dentro do contexto de um museu ou galeria, a prática de Kranich critica a lógica baseada na estabilidade, e, em vez disso, se refere incansavelmente ao momento da transformação e do acaso. Seus trabalhos tornam difusas as fronteiras entre criação e destruição, construção e desconstrução. Para a 32a Bienal, Kranich desenvolveu uma série de trabalhos – R. Relief, 7, 8, 9, 10 [R. Relevo, 7, 8, 9, 10] (2016) e Times Wire [Fio dos tempos] (2010) –, um deles sendo uma série de quadros tricotados, feitos de fios elétricos, e o outro uma série de quadros de metal geométricos e coloridos. Ambos são equipados com explosivos cuidadosamente conectados entre si para que sejam incendiados pela artista de forma coreografada. A queima dos fogos de artifício ocorre na abertura da exposição, confrontando o espectador com uma apresentação claramente marcada pela força transformadora da explosão.