Vista da instalação Hydragrammas [Hidragramas], 2016
Com uma produção pioneira em vídeo nos anos 1970, Sonia Andrade agrega em sua trajetória a arte-correio, o desenho, a fotografia e a instalação. Sua obra acontece independentemente das regras do mercado ou do sistema da arte brasileira vigentes naquele período. Seus vídeos experimentais colocam o corpo no centro da ação, construída na relação direta com a televisão como meio. Sem espetacularização, seu corpo entra em confronto com a tela e com o aparelho, ora disposto no centro da imagem, ora introduzido em uma gaiola – uma metáfora para a imagem televisiva como aprisionamento. Andrade participa da 32a Bienal com o trabalho Hydragrammas (1978-1993), um conjunto de cerca de cem objetos e suas respectivas reproduções, construídos com materiais coletados e que organizam o vocabulário de formas da arte e da vida cotidiana. Os objetos derivam de uma espécie de escrita na qual os caracteres são coisas encontradas no mundo, matéria de descarte para a qual a artista dá novo lugar e significado. Formado a partir do neologismo que une o nome de uma escrita e o de um monstro híbrido indomável (a Hidra de Lerna), Hydragrammas é o entrecruzamento de palavras e imagens, um alfabeto imagético.