TabomBass, 2016
Vivian Caccuri utiliza o som para entrecruzar experiências de percepção sensorial com questões de cunho histórico e social. Por meio de objetos, instalações e performances, seu trabalho cria situações em que o desordenamento da experiência cotidiana abre espaço para que se desnaturalizem também certos significados e narrativas aparentemente tão fixos quanto a estrutura perceptiva. Na 32ª Bienal, a artista apresenta TabomBass (2016), um sistema de som feito com alto-falantes empilhados, como ocorre em festas de rua. Diante deles, velas acesas dançam com o ar deslocado pelo ritmo de sons graves – linhas de baixo compostas por artistas da cidade Acra, em Gana, que colaboraram com Caccuri, depois de um período de pesquisa nesse país. Acra recebeu grupos de afro-brasileiros após a Revolta dos Malês, levante de escravos ocorrido em 1835 em Salvador. Hoje, seus descendentes são conhecidos como “tabom” – pois, por não conhecerem os idiomas locais, respondiam com a expressão “tá bom” ao que lhes era perguntado. Com esse pano de fundo histórico, Caccuri busca ampliar os vínculos e os sentidos para pensar o trajeto África-América, propondo encontros nos quais músicos e performers brasileiros improvisam a partir dos graves africanos e realizam, nesse atravessamento, uma produção híbrida.