The artist tells the story that led him to create the artwork presented in the exhibition. The narrative contextualizes the political resistance scenario, censorship and its impact on the theater tradition of Guatemala in the 1960s.
O artista conta o que o levou à concepção da obra. A narrativa contextualiza o cenário de resistência política, censura e sua repercussão na tradição de teatro da Guatemala nos anos 1960.
#32bienal #camposonoro #narrativa
Corazón de Espantapájaros era una frase que yo escuchaba mucho de niño, pero no sabía qué significaba. Había escuchado que había sido una obra de teatro en la cual habían participado mis tíos. Yo vi a mis tíos actuar en algún punto, de niño. Pero eran obras para niños. Entonces me imaginé que tal vez era como una especie de Mago de Oz. Hasta hace como tres, cuatro años, cuando se quemó la casa de mi tío e incluyendo mi casa porque yo vivía ahí, en una de esas noches, borracho, mi tío me empezó a contar con más detalle qué era el Corazón de Espantapájaros. Y de cierto modo muchas cosas de mi infancia empezaron a tener sentido. Como porque a los nueve años me forzó a aprender a hacer maquillaje y pelucas para payaso de... de nada. Ah! También quería como hacerme una especie de actor como a esa edad. Pero... pués, su interés en mi luego cayó después de tener su primer hijo, entonces me salvé de tener una especie de educación teatral. Siendo un artista ya adulto y ya con una carrera desarrollada en performance, si se puede decirle carrera a ser un artista de performance, pues, me interesé en lo teatral en parte porque lo teatral en performance es un poco tabú, y también porque lo teatral se me hace como otro mundo, pera al igual el mundo, pués, de... de algo que no existe, de algún mensaje. Escuchando a mi tío, pues, supe que el Corazón de Espantapájaros fué una obra política muy gruesamente censurada por el gobierno de entonces. Se presentó a los medianos de los setentas por estudiantes de la universidad popular. Investigando más después encontré un ensayo de Hugo Carrillo que hablaba con más detalles y fechas y todo de la censura y... investigando más, pues, leí que hay dos personas que han hecho sus doctorados sobre esta obra y en parte han tocado el tema de la censura. A mediados de los setentas, estudiantes de teatro de la universidad popular adaptaron una obra de 1962 de Hugo Carrillo. No era... no es una obra bien escrita y cae en muchos clichés de los cincuentas. Pero en lo que sí toca es en la persecución de políticos disidentes en un país y época de ficción. Otro elemento de esa obra original del 62 es el uso de maquillaje de payaso para los personajes que representan autoridad. En la versión de los setentas los estudiantes decidieron no usar nada de utilería ni nada de disfrazes, tener una especie de presentación muy seca, solo ellos y su ropa de la calle. Y también no respetaron el guión del 62 y adaptaron algunas cosas a la época en que estaban viviendo, pues en Guatemala en los 1975 estaba muy fuerte la guerra, una guerra que empezó en 1960 y no terminó hasta 1996. En una de estas funciones, un ministro del gobierno fué a ver la obra de teatro con su esposa, los estudiantes lo reconocieron y empezaron a dirigirle la palabra a él, ahí en el teatro. Después de la función, algunas personas cuentan que el ministro fué atrás y les habló a los estudiantes diciéndoles que que mala onda que habían hecho eso, y que se calmaran. Esa misma noche empezaron a recibir todos los involucrados en la obra amenazas de muerte por teléfono. Tan fuertes fueron las amenazas a Hugo Carrillo que se tuvo que ir del país en exilio, aunque los estudiantes ni usaron su guión, el que él había escrito. Otras personas que sufrieron en esa censura fue un actor entrando al teatro, metrallaron la puerta del teatro mientras entraba y el teatro también misteriosamente prendió fuego. Hasta parece mentira todas esas cosas que pasaron con el teatro y los actores, y más pensando que los actores tenían como entre 15 y 25 años. El gobierno completamente sobrereaccionó. Esta obra me interesó como un ejemplo de censura durante la guerra en Guatemala y también como pensando del papel del estudiante de arte y también sobre qué es ser un artista en America Latina. Cuando es el momento donde uno pisa demasiado en los pies del gobierno, la burguesía, en ofenderlos y cuanto es jugar con eso. Hugo Carrillo en su ensayo dice que el problema con Corazón de Espantapájaros era que eran estudiantes de la burguesía pequeña haciendo un espectáculo para la burguesía misma, entonces claro que alguien se iba a ofender en el público de esa obra. Ese es mi interés en esa obra.
Versão em Português
Coração de Espantalho [Corazón de Espantapájaros] era uma expressão que eu ouvia muito quando criança, mas não sabia o que significava. Ouvi que tinha sido uma peça de teatro na qual meus tios tinham participado. Eu vi meus tios atuando em algum ponto, quando era criança, mas eram peças para crianças. Então eu imaginei que talvez fosse como uma espécie de Mágico de Oz. Até três ou quatro anos atrás, quando queimou a casa do meu tio - e também minha casa, porque eu morava lá - em uma dessas noites, bêbado, meu tio começou a contar com mais detalhes o que era o Coração de Espantalho. E de certo modo muitas coisas da minha infância começaram a fazer sentido. Como porque aos nove anos ele me forçou a aprender a fazer maquiagem e perucas de palhaço do nada. Ah! Ele também queria me transformar em uma espécie de ator com essa idade. Mas seu interesse por mim logo diminuiu depois que teve seu primeiro filho, então me safei de ter uma espécie de educação teatral. Como um artista já adulto e com uma carreira desenvolvida em performance, se é que se pode chamar de carreira ser um artista de performance, me interessei pelo teatral em parte porque o teatral na performance é um pouco tabu, e também porque o teatral me parece outro mundo, mas também o mundo de algo que não existe, de alguma mensagem. Ouvindo meu tio, soube que o Coração de Espantalho foi uma peça política muito fortemente censurada pelo governo da época. Foi apresentada em meados dos anos setenta por estudantes da universidade popular. Pesquisando mais encontrei um ensaio de Hugo Carrillo que falava com mais detalhes e datas e tudo da censura; e pesquisando mais, lí que há duas pessoas que fizeram seus doutorados sobre essa peça e tocaram em parte o tema da censura. Em meados dos anos setenta, estudantes de teatro da universidade popular adaptaram uma peça de 1962 de Hugo Carrillo. Não é uma obra bem escrita e cai em muitos clichês dos anos cinquenta. Mas ela trata da perseguição de políticos dissidentes em um país e época de ficção. Outro elemento dessa peça original de 62 é o uso de maquiagem de palhaço para os personagens que representam autoridade. Na versão dos anos setenta os estudantes decidiram não usar nada de adereço e nada de figurino, fazer uma espécie de apresentação seca, só eles e suas roupas de usar na rua. E também não respeitaram o roteiro de 62 e adaptaram algumas coisas para a época em que estavam vivendo, porque na Guatemala em 1975 a guerra estava muito forte, uma guerra que começou em 1960 e não terminou até 1996. Em uma dessas apresentações, um ministro do governo foi ver a peça de teatro com sua esposa, os estudantes o reconheceram e começaram a dirigir a palavra a ele, em cena. Depois da sessão, algumas pessoas contam que o ministro foi atrás [dos palcos] e falou com os estudantes dizendo que era uma sacanagem eles terem feito isso e que eles deviam se acalmar. Nessa mesma noite, todos os envolvidos na peça começaram a receber ameaças de morte por telefone. As ameaças a Hugo Carrillo foram tão fortes que ele teve que deixar o país em exílio, mesmo que os estudantes nem tivessem usado seu roteiro, o que ele havia escrito. Outras pessoas que sofreram nessa censura foi um ator entrando no teatro: metralharam a porta do teatro enquanto ele entrava, e o teatro também pegou fogo misteriosamente. Até parece mentira todas essas coisas que aconteceram com o teatro e os atores, e ainda mais pensando que os atores tinham entre 15 e 25 anos. O governo exagerou completamente. Esta obra me interessou como um exemplo de censura durante a guerra na Guatemala e também pensando no papel do estudante de arte e também sobre o que é ser um artista na América Latina. Qual é o momento em que você pisa demais nos pés do governo, da burguesia, em ofender, e o quanto é jogar com isso. Hugo Carrillo diz em seu ensaio que o problema com Coração de Espantalho era que eram estudantes da pequena burguesia fazendo um espetáculo para a própria burguesia, então é claro que alguém ia se ofender no público dessa peça. Esse é meu interesse nessa obra.
Authorship and Narration / Autoria e Narração:
Naufus Ramírez-Figueroa
* All Soundfield's audios were transcribed and/or edited aiming to produce accessible contents / Os áudios do Campo Sonoro foram transcritos e/ou editados visando uma leitura mais acessível