Park McArthur reads excerpt of her essay ‘It’s Sorta Like a Big Hug: Notes on Collectivity, Conviviality, and Care’.
Park McArthur lê trecho de seu ensaio “É como um tipo de grande abraço: notas sobre sociabilidade, convívio e cuidados”.
#32bienal #camposonoro #narrativa
How does one use public transportation if maps are illegible and directions difficult to remember? Who will be there to make transfers to the toilet within the bathroom safe? If the building houses thousands of people—along with their noise, their motion, their activity—who will be a calming counterpart? These questions of touch and weight, relationship and recognition, interrogate the psychosomatic, phenomenological, and haptic fields and feedback loops of life. Such questions are concerns of people who receive-give-need-want care. They animate the relational, intrapersonal, asymmetrical, nonreciprocal, nonrecuperable parts of life. There is the squeeze, and there is the mandate. There is the loop of two arms anchored at my lower back, legs on either side or in between mine and a charged space, a space somatic but not exclusively sexualized, smooshed breasts and chests, arms that change with the days but come back within a week (and sometimes within an hour). And then there is what is compelling about something useful and something ordinary. To share something I can’t make full sense of: I write from the squeeze, but I also write from my anticipation of the squeeze, a readying. I write from its release too. Across this spectrum of caring labor vibrates a charged interest in what possibilities exist or are created in the ways we relate to one another. The relational events we engage cross and recross divides of nakedness and coverage, emotional closeness and reticence, attention and bored inattention—manifesting as actions that look like embracing, making dinner, drinking alcohol, cutting hair, falling asleep, reading poems and essays, watching YouTube, massaging limbs, recounting stories. These activities ornament the basic goals of showering, changing into pajamas, and getting into bed, and, for my friends, going home, often late at night. My own interest in these acts of relating scale time and space—from the shapes our bodies make during a lift and transfer to the alternative commitments we decline in order to meet at the same time and place.
Versão em português
Como alguém pode usar transporte público se os mapas são ilegíveis e as orientações tão difíceis de lembrar? Haverá alguém no banheiro que garanta a segurança nas transferências para o vaso sanitário? Se o prédio abriga milhares de pessoas— junto a seus barulhos, movimentos, atividades—, quem será um parceiro tranquilizador? Essas questões de sensibilidade e peso, de relacionamentos e reconhecimentos, desafiam os campos táteis, psicossomáticos e fenomelógicos, assim como retroalimentam as idas e vindas da vida. Tais questionamentos são preocupações das pessoas que recebem-dão-precisam-querem cuidados. Elas animam aquelas partes relacionais, intrapessoais, assimétricas, sem reciprocidade e irrecuperáveis da vida. Há o aperto, e há o mandato. Há o enlace de dois braços ancorados na minha lombar, uma perna para cada lado ou entre as minhas e um espaço carregado, um espaço somático, mas não exclusivamente sexualizado, seios e peito esmagados, braços que mudam a cada dia, mas voltam dentro de uma semana (e, às vezes, dentro de uma hora). Depois, há o que é irrefutável sobre algo útil e algo ordinário: compartilhar aquilo de que não tenho uma total compreensão – escrevo a partir do aperto, mas escrevo também a partir da minha antecipação do aperto, de um preparar-se. Escrevo a partir do desvencilhar-se também. Através do espectro do trabalho de cuidado vibra um interesse comprometido em que existem, ou são criadas, possibilidades na forma como nos relacionamos uns com os outros. As situações relacionais em que nos envolvemos cruzam e recruzam divisas de nudez e disfarce, proximidade emocional e reticência, atenção e desatenção entediada—manifestando-se em atos que se parecem com abraços, com fazer o jantar, beber, cortar o cabelo, adormecer, ler poemas e ensaios, assistir ao YouTube, massagear os membros, recontar histórias. Essas atividades enfeitam simples metas como tomar banho, colocar pijamas e ir para a cama, e, para meus amigos, ir para casa, muitas vezes tarde da noite. Meu interesse pessoal nesses atos de escalas de tempo e espaço relacionadas – das formas que nossos corpos criam durante um levantar e transferir aos comprometimentos alternativos que recusamos afim de nos encontrarmos na mesma hora e lugar.
Authorship and narration / Autoria e narração:
Park McArthur
* All Soundfield's audios were transcribed and/or edited aiming to produce accessible contents / Os áudios do Campo Sonoro foram transcritos e/ou editados visando uma leitura mais acessível