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Campinas

15 de fevereiro a 30 de abril de 2017
ter-sex: 8h30 - 21h30; sáb, dom e feriados: 9h30 - 18h

  

Sesc Campinas

Galpão Multiuso do Sesc Campinas
Rua Dom José I, 270/333 - Bonfim - Campinas - SP
www.sescsp.org.br | 
T: (19) 3737 1500 / 1546
Entrada Gratuita

Educativo - Agendamento de visitas
agendamento@campinas.sescsp.org.br

Artistas Selecionados

Alicia Barney

1952, CALI, COLÔMBIA. VIVE EM BOGOTÁ, COLÔMBIA

A obra de Alicia Barney levanta questões ligadas à ecologia, promovendo duras críticas ao modelo de desenvolvimento capitalista e sua relação com a natureza. Alguns de seus trabalhos conectam elementos da paisagem aos problemas ambientais, seja através da exibição de água poluída apanhada no rio Cauca, na Colômbia (Río Cauca, 1981-1982), ou do ar coletado em uma zona industrial e exposto em cubos de vidro (Yumbo, 1980). Certa de que aspectos da vida diária se integram à produção artística, Barney desenvolveu também instalações com objetos e materiais recolhidos em seu entorno (Diario objeto I e II, 1977 e 1978-1979, e Un día en la montaña [Um dia na montanha], que integra a série II). Por meio da ideia de artista-xamã, ela destaca o caráter mágico ou ritual de seu vínculo com esses objetos, retomando o gesto de povos indígenas pré-hispânicos. Em Valle de Alicia [Vale de Alicia] (2016), Barney intervém, construindo um instrumento feito de tubos, semelhante a um órgão, para ser tocado aleatoriamente pelo vento. Junto ao instrumento foram instaladas esculturas de cogumelos feitas de papel e resina, sobrepondo uma camada psicodélica àquela paisagem e concatenando a ação do acaso, o estímulo aos sentidos e alterações na percepção do cotidiano.

Bárbara Wagner

1980, BRASÍLIA, BRASIL. VIVE EM RECIFE, PERNAMBUCO, BRASIL

O brega é música, dança, cena cultural e economia criativa na periferia do Recife. Em duas linhagens, funk e romântico, constitui uma cadeia de MCs, DJs, bailarinos, produtores, empresários e público. Seus hits – eróticos, irônicos, lamuriosos e, em alguns casos, ainda machistas – extrapolam os limites socioeconômicos dos bairros e participam da paisagem sonora de uma cidade convulsiva em suas diferenças. Com caráter documental, as fotografias da série Mestres de Cerimônias (2016) registram a realização de videoclipes do brega, potente elemento de propagação de uma imagética no limiar entre o precário e a ostentação. O brega torna-se voz e autoestima diante da dominação dos parâmetros de identidade e de gosto.

Cecilia Bengolea & Jeremy Deller

1979, BUENOS AIRES, ARGENTINA. VIVE EM PARIS, FRANÇA / 1966, LONDRES, REINO UNIDO. VIVE EM LONDRES

A coreógrafa, dançarina e performer Cecilia Bengolea trabalha em parceria com o artista Jeremy Deller neste projeto que parte de fenômenos da cultura popular contemporânea, sobretudo da música e da dança, para pensar suas relações com a economia, as condições de trabalho e os sistemas políticos. Num complexo emaranhado de influências tradicionais e modernas e alinhados a contextos culturais e políticos específicos, Bengolea e Deller trazem à vista movimentos identitários de resistência e afirmação de gênero, sexualidade e comportamento. A dança popular associada a estilos musicais produziu diversas tendências dentro da cultura urbana das últimas décadas. Assim como o break, o voguing e o twerk, o estilo dancehall de dança e música coloca a linguagem corporal em evidência e mostra uma coreografia peculiar, combativa e, por vezes, sexualizada. É sobre esse gênero, muito popular na Jamaica, que os artistas desenvolveram o vídeo Bombom’s Dream [Sonho de Bombom] (2016).

Felipe Mujica

1974, SANTIAGO, CHILE. VIVE EM NOVA YORK, EUA

Os projetos de Felipe Mujica se organizam a partir de duas formas principais de atuação: de um lado, sua pesquisa visual, que envolve a criação de instalações de painéis de tecido móveis e interativos; de outro, a organização colaborativa de exposições, publicações e gestão de espaços culturais. Permeia essa atuação a investigação sobre o passado recente da arte latino-americana, com interesse específico por experiências que aproximam educação e arte moderna. Aspecto fundamental de seu método de trabalho é a abertura da obra ao diálogo com outros artistas, com o público e com comunidades. No projeto Las universidades desconocidas [As universidades desconhecidas] (2016), Mujica trabalha em parceria tanto com os artistas brasileiros Alex Cassimiro e Valentina Soares, como com o grupo Bordadeiras do Jardim Conceição, formado por cerca de quarenta moradoras desse bairro na cidade de Osasco. A partir de desenhos realizados pelo artista, os grupos de colaboradores criaram e confeccionaram as cortinas que compõem a instalação. Produzidas com os mesmos materiais e técnicas distintas, as peças costuram saberes pessoais formados por diferentes repertórios e experiências, unidos agora como lados complementares de uma mesma realidade: o trabalho criativo coletivo.

Gabriel Abrantes

1984, CHAPEL HILL, CAROLINA DO NORTE, EUA. VIVE EM LISBOA, PORTUGAL

Gabriel Abrantes explora a linguagem cinematográfica em sua produção de filmes e vídeos – os roteiriza, dirige, produz e neles ocasionalmente atua. Aborda temas históricos, sociais e políticos ao discutir questões pós-coloniais, de gênero e identidade. Suas obras criam camadas de leituras improváveis ao alterar narrativas tradicionais e tocam o absurdo, o folclore, o humor e a política. Os humores artificiais (2016) foi rodado no Mato Grosso (Canarana e nas aldeias Yawalapiti e Kamayura dentro do Parque Indígena do Xingu) e em São Paulo. Misturando certa estética hollywoodiana com abordagens típicas do registro documental, o filme conta a jornada de um robô programado para ser comediante e que se apaixona por uma indígena. A obra, de natureza insólita, coloca em questão a natureza do humor em diversos grupos indígenas em contraste com o progresso e a inteligência artificial.

Gilvan Samico

1928, RECIFE, PERNAMBUCO, BRASIL – 2013, RECIFE

Gilvan Samico apresenta em suas gravuras mitos e cosmologias repletos de simbologias. Suas composições têm a simetria e a verticalidade como valores que organizam narrativas sobre a natureza – sendo homens e mulheres parte desse ambiente – e instâncias sagradas que se relacionam com a vida terrena. Iniciou sua prática artística como autodidata no Recife, mas depois estudou sob tutela de Lívio Abramo e Oswaldo Goeldi. A impressão de suas gravuras era feita de forma minuciosa e manual. A produção de cada peça presente na 32ª Bienal levou um ano de trabalho do artista, entre 1975 e 2013. Influenciado pela arte popular nordestina, Samico tem como referência a literatura de cordel e o Movimento Armorial, sendo o encontro com o escritor Ariano Suassuna um importante ponto de inflexão em sua trajetória. Partindo de narrativas locais, Samico traça uma história visual que engloba cosmologias sobre a formação do mundo e o estudo de livros como a trilogia Memoria del Fuego, do escritor uruguaio Eduardo Galeano, publicada entre 1982 e 1986. Assim, os títulos das obras funcionam como chaves de leitura que, junto às imagens, revelam camadas que pertencem e povoam o imaginário de tantas culturas.

OPAVIVARÁ!

CRIADO EM 2005. BASEADO NO RIO DE JANEIRO, BRASIL

OPAVIVARÁ! é um coletivo artístico que faz uso de elementos do cotidiano para modificar a dinâmica dos espaços onde se insere. Eles intervêm em objetos e hábitos, alteram seu funcionamento e propõem outras engrenagens, cujo uso requer desaprender o que se pensava conhecido, de modo a reinserir o prazer e o afeto como valores políticos. A criação desses objetos ganha novo sentido quando são trazidos a público e habitados pelos participantes, deflagrando situações, encontros e vivências que visam gerar um curto-circuito nos valores e protocolos dos sistemas nos quais atuam, seja uma praça, seja um museu. Na 32ª Bienal, o coletivo apresenta o trabalho Transnômades (2016), um conjunto de dispositivos móveis de interação pública, que circula pelos ambientes, buscando um diálogo com as formas de expressão do comércio ambulante e dos carregadores. O OPAVIVARÁ! ressignifica os carrinhos movidos por tração humana e lhes confere usos ligados aos entretempos de trabalho dos próprios carregadores e carroceiros, transformando tais dispositivos em cama, cabana, biblioteca e carro de som. Trata-se de uma reflexão sobre a condição dos agentes nômades da cidade: sua situação vacilante entre lei e improviso, a gambiarra como prática de subsistência e seu estado permanente de migração.

Rikke Luther

1970, AALBORG, DINAMARCA. VIVE EM COPENHAGUE, DINAMARCA, E BERLIM, ALEMANHA

Em Overspill: Universal Map [Transbordamento: Mapa universal] (2016), Rikke Luther explora a natureza orgânica e concreta do mundo e apresenta o resultado de uma pesquisa que combina interesses diversos e faz referência ao colapso dos conceitos modernos de progresso. A instalação é composta por painéis de azulejos com desenhos em diagramas, relacionando paisagens naturais e catástrofes ambientais com os Bens Globais Comuns (oceano, atmosfera, espaço sideral e Antártida), cuja exploração não pode mais ser regulada pelos acordos estabelecidos pela ONU desde a Segunda Guerra Mundial. Encontram-se ainda na instalação amostras de petróleo e de lama tóxica recolhida em Mariana, Minas Gerais. Ao lado desses elementos que investigam nossas relações com os lugares que habitamos (casa, Estado, planeta), encontra-se uma cultura de mixomicetos, seres cuja classificação biológica é incerta. Dotados de um tipo peculiar de inteligência, são capazes de formar redes e se alimentar de metais pesados, podendo assim despoluir solos contaminados. Completa esse conjunto a escultura de um fóssil de prototaxites – possível ancestral dos fungos que habitou a Terra há cerca de 400 milhões de anos. Esses seres podem remeter a uma era na qual dominavam o mundo outras formas de inteligência.

Vídeo nas Aldeias

CRIADO EM 1986. BASEADO EM OLINDA, PERNAMBUCO, BRASIL

Há três décadas, o Vídeo nas Aldeias tem mobilizado debates centrais aos povos indígenas e à produção e difusão audiovisual. O projeto tem como um de seus objetivos a formação de realizadores indígenas, desestabilizando narrativas forjadas com base no olhar externo. Questões éticas e escolhas estéticas são entrelaçadas em seus projetos, que tratam de assuntos como rituais, mitos, manifestações culturais e políticas, e experiências de contato e de conflito com os brancos. Fundado pelo indigenista Vincent Carelli, Vídeo nas Aldeias capta recursos e circula seus trabalhos, realiza exibições em comunidades indígenas, festivais de cinema, televisão, internet e elabora materiais didáticos. Para a 32ª Bienal, Ana Carvalho, Tita e Vincent Carelli criaram a instalação inédita O Brasil dos índios: um arquivo aberto (2016), que configura um espaço de imersão em imagens, gestos, cantos e línguas de vinte povos distintos, entre eles os Xavante, Guarani Kaiowá, Fulni-ô, Gavião, Krahô, Maxakali, Yanomami e Kayapó. Reunidos por sua força discursiva e imagética, os trechos constituem mais um ponto de resistência coletiva às tentativas de invisibilidade e apagamento de grupos indígenas e provocam uma ampla reflexão sobre alteridade e convenções de perspectivas culturais.

  

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47 • Flauta tocada por Akuntsu Konibu
48 • Canto de Purá
49 • Cantos de Jamarikumalo
50 • Canto Macuxi

Processos

Bordados e criações colaborativas de Felipe Mujica

Desenhos do instrumento de cogumelos de Alicia Barney

O Brasil dos índios: um arquivo aberto do Vídeo nas Aldeias

Registros do acampamento transnômade de OPAVIVARÁ!

Vídeos

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